Sierra Morena

Sim, eu confesso: é um diário. Ah, eu posso ser um pouco bobo se quiser, não é? Além do mais, não sei se alguém vê o que vejo no cotidiano. Vejo tanta coisa, qua faz pena deixar ir. Guardo então cá, essas impressões da minha vida. Afinal, uma aranha que parece jóia, é uma jóia de fato...

22.11.07

Paixão!

10.9.07

Haja o que houver...

Para meu amor, que é meu e amor...


Madredeus - Haja O Que Houver


Haja o que houver
Eu estou aqui
Haja o que houver
espero por ti


Volta no vento ô meu amor
Volta depressa por favor
Há quanto tempo, já esqueci
Porque fiquei, longe de ti
Cada momento é pior
Volta no vento por favor...


Eu sei quem és
pra mim
Haja, o que houver
espero por ti...


Há quanto tempo, já esqueci
Porque fiquei, longe de ti
Cada momento é pior
Volta no vento por favor


Eu sei quem és
pra mim
Haja, o que houver
espero por ti...

14.6.07

A verdade é que existem dois tipos de homens:

Os que dançam tango e os outros.

E é verdade também que só há um tipo de mulher:

As que dançam tango, mesmo que nunca tenham sido tiradas para dançar...

Pintura: Emilio de Souza

Basset Hound: busca mística...



Depois de algumas horas esperando minha vez fui chamado pela ajudante de Madame Zoraida.

- Boa noite - disse a cigana com seu sotaque forçado.

- Boa noite, Madame Zoraida - respondi sentando na cadeira.

Uma mesinha, com uma bola de cristal, toalha estampada, tudo meio escuro, meio iluminado...

- Enton, como posso ajudar-te?

- Madame Zoraida, preciso de um basset hound.

- Basset?

- Sim, um basset. Aquele cachorro...

- Non precisa dizer nada - interrompeu a mística mulher de roupas de cetim vinho - Madame Zoraida tudo sabe, tudo vê... Deixa que veja cá em mia bola de cristal... Bola de cristal, bola de cristal, revela o que quer esse rapaz...

Espantado com a aura mística de toda aquela cena, e ainda sentido pela soma de dinheiro que me custava aquela consulta, esperava atônito uma resposta.

- Un basset!

- Sim... ?

- Tu quieres un basset, certo?

- Sim! Isso mesmo!

- Deixe-me ver... Meditanto, meditanto... bueno... tu quieres un basset rubon...

- Hound...

- Isso, isso! Rondio...

- Mas a senhora é mesmo um pessoa mística. Já adivinhou o que estou procurando a dias!

- Si, pois io soi Madame Zoraida.

- E como consigo 0 tal basset? Consulte sua bola de cristal, e me diga. Estou aflito já!

- Si, como non... - e pôs-se novamente a mexer na cristalina esfera videntificadora. E depois de muitos gestos que me impressionavam cada vez mais ela fez silêncio. Sua expressão era de desalento.

- Então Madame?

- Non, no hai basset.

- Como assim? "No ai"?

- Sinto, but não posso encontrar-te este perro. Sinto...

- Mas como assim? Pensei que Madame Zoraida respondia a todas as questões, que via o passado, o presente e o futuro. Pensei que pudesse responder as mais irrespondíveis questões...

- Venga cá.

A mística chamaou com o dedo. Fiquei mais perto.

- Me achas com cara de Google? - recostou na sua cadeira e acendeu um cigarro.

Não me restou nada mais a fazer ali. Ai, quanto tempo mais duraria minha busca incansável pelo orelhudo e atarracado canídeo... Nem sabia, desconfiava, que minha saga estava bem no começo...

* * *

7.6.07

Pensares sobre amor e desamor

Anatólia recusou meu amor por três vezes. Mas não haverá uma quinta! Hoje ela me abraçará com fúria e descontrole, e confessará que sempre me amou, mas temia. Não tema Anatólia! Se entregue ao meu coração de homem apaixonado!

Antônio me despreza, e é fato. Sempre me desprezou, e nem sei... nem lembro... Afinal, porque ele se casou comigo?! Me desepreza desde o dia do nosso casamento. Desde o dia em que nos vimos. Sempre me deseprezou, e sempre vai me desprezar... Sempre.

Não há consolo pra quem vive com o peito na mão assim, como eu. Desgraçada mulher, atirada aos cães, e privada de migalhas sequer de carinho. Só me resta esta casa, e nada mais. Ai, se ao menos me pisassem o peito... se ao menos me odiassem... Qualquer coisa!!!

Eu amo Solange. Tão certo quanto o amor dela por mim. E cada dia que levanto, levanto para amá-la, e ela a mim. Cada passo que eu dou é pra ela, e cada palavra tem que ser uma declaração de amor. Eu amo solange, e ela me ama. Tão certo assim.

E me atiro mesmo, e nada mais vejo na frente. Todos os homens que puder ter! E as mulheres se não bastarem mais os homens. Todos! Cada noite quero ser inteiro de alguém, mesmo que de modo efêmero. E não tenho que pensar. Todos! Sou assim... perdido de mim mesmo.

Ai, as cartas não chegaram, não foram, não vieram. Maldita a hora em que escrevi para ela. Agora que faço? Vou lá e bato na porta dela? Sigo no meio da rua no caminho pro trabalho? Compro flores? Telefono? Ai, as cartas não chegaram! Mesmo sendo cartas de amor.

Perdido em pensamentos. Ana Luiza lá longe, eu cá. Ana, Aninha... Eu cá. Será que ela pensa em mim também? E dá uma coisa quando penso no seu corpo. Ana, Ana meu doce, meu mais doce querer. Se soubesses o quanto te amo... (Ana Luiza, Aninha, pensava nele deitada na rede...)

6.6.07

Graffiti


Das cidades que eu não conheço, a que menos conheço é a minha mesmo. Nem mesmo sei que cidade é essa... Aliás o não saber é que está na moda, né não? Desde o tempo do Sócrates. Veja que não saber é o que há! E nesse jogo que nada conhecer que a gente sente uma necessidade, menos sexual que pode parecer, de querer reinventar o mundo... a cidade. Não precisa ser assim. Não tem utilidade isso, nem serventia. Não dá pra justificar. Não me venha dar um motivo, um "pra que" pra esse recriar típico dos que não se sabem mais. Simplesmente é assim.
A gente precisa destruir a cidade antes que ela faça o mesmo com a gente. Só que algumas pessoas não jogam o jogo do olho por olho (sempre limitado a no máximo duas rodadas). Muita gente bate na cidade debochando dela, invertendo a moral má das linhas retas, dos ângulos retos, das pessoas que se fazem retas. Elas só dizem assim...
...estou aqui, nesta cidade. E ainda sou eu mesmo.


Fonte da imagem:

3.6.07

Basset Hound: o começo da saga...

- Bom dia. Eu gostaria de um basset...

- Não temos.

- Mas aqui não é uma loja de animais?

- Sim, mas não temos basset.

- E que cachorros tem?

- Perequitos.

- Periquito? Mas periquito não é cachorro...

- Só temos perequitos.

- Não me servem se não forem bassês.

- Mas periquitos são bons animais de estimação.

- Não me venha com sua periquitagem. O senhor sabe muito bem a diferença de um basset e de um periquito. Como um pode se fazer pelo outro? Perequitos são verdes, bassês não são. Ainda não pelo menos. Cê sabe né? Os japoneses...

- Azuis.

- Quem? Os japoneses?

- Não!

- Então quem? Os bassês?

- Os periquitos também são azuis, e não só verdes. Há ainda os amarelos, rosados, brancos. São aves muito amigas e companheiras...

- Mas eu quero um basset. Não me serve nenhum pscipiforme multicolorido!

- Não temos nenhum...

- Já sei. De qualquer forma... obrigado.

- Eu é que lhe agradeço - o vendedor segurava uma caixa de comida de periquito.

Andei muito ainda aquela madrugada...






No tempo um ponto.

Era aquele o momento. Nem antes, nem depois!

E ele soube fazer como sempre sonhara...

Bom aquele beijo. Ainda se sente.

Ainda naquele momento...

...me sinto.

2.4.07

Micro demais...

Tanto tempo sem blogar. Culpa do mundo!!! A culpa sempre é do mundo...

Tratemos então de destruir o mundo:

Anercília andava pensando em Olavo mais que pensou em seu pai. Trocava as letras nos luminosos, e teimava em ver embassado todo o mundo a sua volta. Pensava só no dia em que ele voltaria para ela. Olavo preocupadíssimo com as novas aquisições da Grumnet.com, sua empresa de vídeo babás. O pai de Anercília morreria naquele mesmo ano, e seria tão pouco chorado...

Foi um choque quando aquela mulher ligou:

- Olavo, meu amor!
- Oi.
- Olavo?
- Sim, sou eu.
- Sou eu...
- Quem?
(silêncio)
- Quem é?
- Ninguém.

Desligou e chorou a madrugada inteira. Esperou cada segundo que ele ligasse de volta. Cada segundo sofria mais com a desesperança de nunca ser notada por ele. Anercília nunca foi a casa depois que ele voltou. Nunca teve coragem de saber se seria ou não um erro. Olavo mandou que trouxessem mais café.

O pai de Anercília lembrava claramente do balanço, Ana Clara (tão linda) e ele naquela tarde de sol...

* * *