Sierra Morena

Sim, eu confesso: é um diário. Ah, eu posso ser um pouco bobo se quiser, não é? Além do mais, não sei se alguém vê o que vejo no cotidiano. Vejo tanta coisa, qua faz pena deixar ir. Guardo então cá, essas impressões da minha vida. Afinal, uma aranha que parece jóia, é uma jóia de fato...

26.11.06

Contação...

"Quem quer casar com a Dona Baratinha,
que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?"

25.11.06

Poesias de pouca monta...


I

Estou perdido em poesia
Tão curta minha vida...

...cabe num verso.


II

A chuva quase chuvisco
Tem cheiro tão bom,
que me lembra nem sei...


III

Quando houve silêncio
e o que só se ouvia era...

...saudade daquele riso.

24.11.06

Profeta

Os pés. São os pés. Será para baixo que Deus olhará no dia do juízo. Olhar para os pés. Dirá:

Tira os sapatos. Tira os sapatos e me mostra seus pés. O tênis, tire. Esse, que você calçou com tanta satisfação, tão caro, tão colorido. Não. Tira. Me mostre seus pés. As sandálias, essas que formam um "U" na parte de trás de tão gastas. Tira, mostra os pés. Mostra os pés, cobertos de poeira, dos quintais, das lavouras. Os pés de unhas bem pintadas, com cores luxuriosas. Os pés de unhas rosas, imflamadas. Tire o sapato italiano, costurado lá no Camboja. Mostra seus pés, e não suas meias pretas, azuis, marrons. Os pés com varises, vasos roxos, veias saltadas. Mostre. Pois é sem salto, sem plataforma. Tira o sapato de bico, aquele daquela noite, que pisou tão alto, escondendo a cor branca das solas dos seus pés. Mostra o calcanhar calejado, e o calcanhar rachado. A sola do pé tão dura que é pedra. Deus olhará meus pés, tão sujos depois de uma tarde de trabalho. Tão doídos depois de horas dentro do calçado. Meus pés...

Seus pés, você que me lê. Teus pés te condenam?