Tarde
Dorme menina nos meus olhos
Seja serena essa tarde...
Brisa te afaga
Seus cabelos macios
Cheiro de você
Tome menina os meus sonhos
Faça de mim seu ser...
Sombra gostosa
Minha mão leve
Toco em você
Desperta, minha menina
Abre meus olhos, que já vai embora...
...o sol, aquele teimoso.
E-mail de mim para Karina
Oi moça!
Queria te contar que os pés de ipês estão soltando as sementes. Veja como é bonito isso. Uma relação de amor meio demorada... Primeiro eles paqueram, abrindo as flores, mais de mais de mil flores. E namoram uns aos outros, como se cada florzinha fosse uma transa. Imagina o que é transar mais de mais de mil vezes num tempo só?! Muito erótico... Daí que depois de tanto amor eles, fertilizados, preparam a semente. Em silêncio. Já largaram as flores no chão, que murcham... Como se tivessem brigado e agora estão de cara emburrada. E depois desse silêncio o sol lhes pega largando as sementes. Isso porque não são possessivos e querem ficar agarrados aos filhos, que nunca pertence aos pais. E segundo porque não tem útero, e usam a Terra inteira como útero para suas sementes. Largam seus casos de amor amarelo, que um dia foram flores tão coloridas que o sol batia e doia a vista, e largam suas sementes ao vento, tão adúltero o vento, que ama todas as árvores da rua, levando as sementes longe... Muito erótico isso. Agora mesmo, olho pela janela e vejo as sementes caindo... Você sabe como são sementes de ipê? Se não vou tentar te explicar... Imagina uma hélice de avião, uma hélice dupla... Bem fininha, de material transparente... No meio da hélice um olhinho, em forma de fenda, como olho de gato, marronzinho... É muito delicado. umas são grandes, outras pequenas. Saem voando pelo vento, e logo percebo...
...não é que estamos dentro de um útero? Quem disse que a gente acaba de nascer? Nós nascemos nunca. Estamos dentro de um útero. Aguardando o parto. Como somos bobos, achando que somos alguma coisa, além de bobos... Olha os ipês transando em público!
Beijo,
Guilherme
