Le grand fritures de pomme de terre alla Drumond

Descobri o segredo da batata frita perfeita! Coisa perseguida pelos alquimistas por séculos, e que muitos duvidavam que sequer existia. Que delícia essa batata frita! E como sou um homem humilde, que tem compaixão pelos seus contemporâneos, vou revelar a todos esse segredo místico, essa fina arte de transmutação do tubérculo. Antes quero batizar minha batata frita com um nome francês, demonstrando eu grande sofisticação e finesse. Esta delícia se chamará a partir de hoje: Le grand fritures de pomme de terre alla Drumond. E segue a fôrmula preciosa desta maravilha apetitosa.

Ingredientes:

1. Batata;
2. 1 fósforo.

Modo de preparo:

1. Descasque a batata;
2. Corte a batata em palitos de exatamente 0,5 cm de espessura;
3. Coloque a batata já descascada e cortada em uma panela com água e bastante sal;
4. Ferva a batata até que cozinhe;
5. Escorra a batata e a seque usando um pano de algodão branco;
6. Aqueça o óleo da fritura até o exato instante em que o fósforo que você jogou dentro da mesma se inflame;
7. Coloque a batata no óleo, e dê início ao processo de fritura;
8. Depois que a batata tenha atingido a cor certa retire-a do óleo usando uma escumadeira própria para fritura de batatas;
9. Escorra o óleo.

Aí está a fôrmula secreta da batata frita mais saborosa do mundo! Incomparável, e somente quem já provou essa delícia sabe o quanto é especial. Porém convém apreciar com moderação! E... Vive Le grand fritures de pomme de terre alla Drumond!!!

Correndo sem sair do lugar

Meu irmão comprou uma esteira ergométrica. Veja só isso! E como não tinha tênis para correr, comprei um. São estranhos os tênis de hoje em dia: leves demais. Queria um tênis branco. Só isso. Não encontrei nenhum. Só tênis cheios de design... Eu não vou correr olhando pro meu pé. Não quero que os outros olhem por mim. Quero apenas um tênis.

Meu tênis é preto. Duvido que consiga correr mais de uma semana naquela esteira. E cada vez percebo com mais clareza como os objetos de desmaterializam... "Design in USA"

Kant

Resistiu o quanto pode. Mas depois que ela tirou os óculos...

Viu ela pela primeira vez na biblioteca. Cabelos caracolados, meio estirada na cadeira. Mão no rosto, a outra segurando alto um livro. Provavelmente algum autor alemão. Kant, eu arrisco. Rostinho tão sério. Lábios sem batom. Pele que não costuma ver sol, e como era branca quer dizer que era bem isso. Os pés adivinho no chinelo de palha. E como ele sentia uma tara especial por garotas intelectuais ficou vidrado. Será que eram os óculos de armação preta? O ar de seriedade provocava assim. Ficava com vontade de desarrumar aquilo tudo. Na mesa da biblioteca... Mandar calar a boca e tudo. Nada de autores alemães. Mostrar o caminho que faz perder a linha. Jogar os óculos longe!

Pensou o dia inteiro nela. Acabou escrevendo no blog. Nossa, como Kant é erótico!

Antropologia

São muito bonitos os rituais de acasalamento. Não exatamente pela forma. Muitos são bem esquisitos, e algumas vezes engraçados. O conteúdo, porém, é sempre muito belo. Os Iguanas por exemplo, que sacodem a cabeça como se dissessem "sim, sim, sim, sim, sim...". O galo mesmo, que arrasta a asa pelo chão, meio doido. É ridículo na forma, mas se percebe uma beleza muito grande nas linhas que estas ações traçam. Um ritual que pertence antes de tudo à natureza da vida. Reproduzir. Alguns rituais de acasalamento são belíssimos não só no conteúdo, mas também na forma. Os pingüins, movem a cabeça com graça, e dançam discretamente, como um valsa no gelo. Os sabiás se chamam, o macho de lá, a fêmea de cá. Depois os dois juntos. Acima de tudo, comunicação.

E como comunicação é, até onde posso parecer saber, a diferença entre eu e um cachorro, os rituais de acasalamento sempre toca em algo em nós. Nos identificamos com os pares, danças, movimentos, cantos, ruídos, gestos, olhares...

Dia desses vi um casal num belo ritual de acasalamento. Cada gesto dele era uma frase, bem dita. Não importava aí o dito, mas o tom do dito. Como o sabiá, que o macho faz um barulho alto de lá, e a fêmea faz um pio de cá... Bonito demais!

Microconto: "Anamel jurava nunca mais"

Seu rosto ainda molhado, e soluçando, Anamel dizia: "Nunca mais!". Sem prestar muita atenção ia arrumando a bolsa de roupas, com pressa, mais ainda com raiva. Uma tristeza funda dava uma pena danada da gente ver. Tão bonita Anamel! O quarto de hotel era muito simples, e o céu lá fora era claro demais. As roupas iam para dentro da bolsa e Anamel dizia: "Nunca mais!"

Depois, sentada na cama, enxugava com as costas da mão as lágrimas quase infantis do seu rosto. Só ela no quarto, e no chão a foto do rapaz. Ela olhou a foto e disse: "Nunca mais nessa vida!"

Depois trocou de roupa. Pegou a bolsa e foi embora. Não sei se ela amou novamente. Mas te juro que aquele rapaz nunca mais fez sofre Anamel. Tão linda que era Anamel...

Conto miniatura: "Das coisas que os olhos vêem"

Orácio via a lisura dos cabelos de Amanda com uma concentração bonita mesmo. E ela continuava lá, mechendo na terra. Havia uma muda de flores rosinhas na mão dele. Ela falando, falando, falando... Tão liso o cabelo de Amanda.

Sobre churrascos, jeep's e outros

Hoje andei de jeep. Não meia, nem hora inteira. Mas um monte de horas. Andei muito de jeep. Eu, família e amigos fomos até Cachoeira de Macacu. Havia uma promessa de churrasco. Mas o cara que havia prometido o churrasco estava tão entretido com a cerveja e o gelo pra cerveja e o copo pra cerveja... que esqueceu de providenciar churrasco ou coisa do gênero. Que fome!!!

Ando entretido com os preparativos pro encontro de jeepeiros que estamos organizando. Desenhei um site que foi elogiadíssimo. Será que ganho dinheiro com isso?

Termino com um pensamento elevado sobre a vida: a maldade convida meu coração a amar mais. Vide Gaza, Líbano...

Sem maiores novidades

Que frio que faz
A chuva quando vem
Serena, e serenando...

Hanuman...

Hoje contei para meus alunos a história de Hanuman, do deus macaco. Não convenci, pois essa história ainda não está internalizada. E aos poucos vou descobrindo que minha garganta precisa de cuidados. Depois de três aulinhas me doe a goela... Sinto fome também.

Não seria bom ser um deus macaco? Primeiro ser imortal, e não temer mais um atropelamento fatídico. Depois poder mudar de tamanho à vontade. Num dia ser do tamanho das montanhas, e pisar sobre tudo lá embaixo. Noutro dia ser menor que um inseto, e dormir na sombra de uma folha. Poderia também poder voar. Isso seria muito econômico.

Voar. Taí uma boa. Isso seria muito econômico.